16 de abr. de 2019

A ESTRANHA GUITARRA DE LENNON: A SARDONIX

Pense em guitarras de John Lennon e provavelmente virão à sua mente a Casino Epiphone e talvez a Rickenbacker 325, ou ainda a Gibson J-160-E eletro-acústica. 

Você quase certamente não pensará numa Sardonyx 800 D II...

John e sua Sardonix

Mas como mostra a fotografia acima, John utilizou a Sardonyx durante as gravações do seu último álbum, de 1980, o Double Fantasy.   

Então, o que é essa guitarra exatamente?   

Como se pode ver, a Sardonyx é algo meio misterioso mesmo. Seu construtor, que prefere permanecer desconhecido, era um reparador de guitarras na loja de Matt Umanov, em West Village, Manhattan, nos inícios dos anos setenta. Ele construiu suas guitarras 'sardônicas' em casa e vendeu-as através de Umanov, o que é mais provável de ser o local onde John adquiriu a sua.   

"O cara que fez esta guitarra e eu íamos ao Brooklyn High School Tecnology juntos no metrô todos os dias", disse Umanov à revista Guitar Aficionado. "Vendemos algumas através da minha loja e John Lennon terminou com uma, pois tinha um apartamento a poucos quarteirões de distância e vinha até a loja várias vezes."   

Desde os primeiros dias dos Beatles, John esteve à procura de novos sons, e o design incomum da Sardonyx provavelmente o levou a querer um desses instrumentos. Embora a guitarra pareça ser feita de um material sintético, ela realmente possui um corpo de madeira e um braço de ébano. O acabamento preto fosco tem um verniz laca espesso que dá à Sardonyx uma aparência de plástico.

Guitarras elétricas são tão incomuns quanto a sua aparência. Seus dois captadores Bill Lawrence estão conectados a um sistema de fiação complexo, três de saída que permite ao músico enviar combinações de captação completamente independentes, incluindo diferente fase inversa e configurações paralelas em série, a duas saídas estéreo independentes ou para uma única saída mono. Outras características incluem hardware Schaller, um par de barras de aço inoxidável outrigger com pés de borracha anti-derrapante, e um braço balanceado ajustável na parte superior.   

"Naquela época, o Brooklyn Tecnology ainda era baseado nos currículos dos anos vinte e trinta, incluindo uma grande quantidade de material técnico, como uma oficina mecânica, desenho técnico e padrões de fabricação.", diz Umanov. "Houve até uma fundição. Você pode ver tudo isso na formação, na concepção e na feitura desta guitarra. Se você olhar para o trabalho de alguns dos mais famosos designers industriais de todos os tempos, como Raymond Loewy, que desenhou os Studebakers mais emblemáticos, ou Henry Dreyfuss, que projetou os telefones da princesa, as linhas são afiadas e deliberadas, tal como são nesta guitarra. "   

Apenas 15 a 20 do Sardonyx 800 D II foram construídas, tornando-se uma das guitarras mais raras associados a Lennon, uma lenda da guitarra, que permaneceu um direito original até o fim de sua vida.

Ouça e veja agora John Lennon, num registro de suas últimas imagens, tocando a canção I'm Losing You, numa gravação feita durante a produção do disco solo Double Fantasy, no estúdio The Hit Factory, em Nova York, nos Estados Unidos, em 1980. Yeah!


Fonte enviada pelo querido maestro Beto Iannicelli: 
http://www.guitarplayer.com/gear/1012/john-lennons-weirdest-guitar-the-sardonyx/49784 

14 de abr. de 2019

ENQUANTO ISSO, NUMA RUA FAMOSA...


ABBEY ROAD REMIXADO 
Marcelo Sguassábia 
© Direitos Reservados 


- Ok, boys. Já que a ideia é mesmo essa e parece que não há jeito de vocês voltarem atrás com essa tolice, tenho algumas sugestões para deixar o resultado final um pouco menos ruim. Pra começo de conversa, sugiro que vocês quatro se virem pra câmera dando tchauzinho. Sei lá, penso que assim a coisa ficará mais amistosa e interativa do que todo mundo sério e alinhado, olhando pra frente e atravessando a rua. 

- Mas afinal de contas, o que você tem em mente é uma capa de disco ou um cartaz de circo? Só falta você sugerir que o Ringo fique fazendo chifrinho no George na hora do clique... 

- Calma, Paul. Eu sei que a ideia é sua, mas vocês contrataram um fotógrafo profissional e eu me sinto na obrigação de orientá-los pra que o resultado fique realmente bom e funcione comercialmente. Uma coisa é certa, rapazes: nenhuma capa de disco entra pra história com quatro sujeitos atravessando uma faixa de pedestres como se fossem uns anônimos e inexpressivos súditos da rainha. Caramba, vocês são os Beatles!!! 

- Veja bem, por mim você e Paul decidem o que acharem melhor nessa peleja capitalista de vender mais ou menos discos. A única coisa que peço é que a Yoko atravesse a faixa ao meu lado. Caso contrário, não tem negociação, vamos embora agora mesmo. Vocês sabem que não desgrudo um minuto dela, e isso inclui travessias de rua, partidas de rugby e até exames de próstata. 

- John, isso é efeito da maconha, do LSD ou do sol na cabeça? Estamos falando de um disco dos Beatles, e não de Yoko e sua banda. Compreende? 

- Espera aí, gente. Se este pobre baterista pode dar um palpite, recomendo que continuemos a discussão num pub ou algo assim. O trânsito está ficando engarrafado e daqui a pouco começam a buzinar. A intenção era perder no máximo vinte minutos com esta merda de foto. Não temos o dia todo e precisamos gravar mais um take de “Come Together” ainda hoje, esqueceram? 

- Eu insisto: tá faltando alguma coisa bombástica, arrebatadora, que dê uma sacudida nessa capa. Ou então, sei lá, um toque de humor britânico, mesmo que bem sutil. Por exemplo, um de vocês é o guarda de trânsito, orientando os outros três na travessia. Heim, que tal? Aí sim vai ficar bacana. 

- Tudo bem, mas e a Yoko? 

- Sugiro que o guarda se distraia e um carro passe por cima dela. 

- Por esta gracinha eu poderia te enfiar a mão na cara, Paul. Mas não vou fazer isso porque, independente de como fique essa maldita capa, no final das contas vão achar que o morto é você, e não Yoko. Pode apostar. Babacas do mundo todo vão esquadrinhar cada centímetro da foto, procurando pistas que confirmem a sua morte. O que mais lamento é que ela não passe de um boato. 

- Gente, por favor, vamos dar uma trégua na troca de afagos. Daqui a pouco começa a juntar gente pra pedir autógrafos, a imprensa aparece e aí a foto já era. 

- Pensando bem, acho que o Ringo está certo. Vamos voltar para o estúdio, terminar “Come Together” e esquecer essa história de capa de disco na faixa de segurança. Temos mais um tempo pra pensar numa solução melhor.


Fonte: https://www.facebook.com/consoantesreticentes

7 de jul. de 2018

78 ANOS! 13 MOTIVOS PARA RESPEITÁ-LO! VIVA RINGO!

1. Ringo foi o primeiro verdadeiro baterista do rock a ser visto na TV. Todos os bateristas de Rock & Roll que se apresentavam com Elvis, Bill Haley, Little Richard, Fats Domino e Jerry Lee Lewis eram sobretudo bateristas de R&B (Rhythm & Blues) que tentavam fazer a transição de um estilo swing, próprio das décadas de 40 e 50, para um estilo mais pujante, associado a "I Want To Hold Your Hand". Apresentavam-se de terno e gravata segurando as baquetas numa forma "tradicional" familiar a bateristas militares, de orquestras ligeiras e de jazz. Ringo mostrou ao mundo que era preciso força para por ênfase na palavra "rock" do estilo Rock & Roll. Assim, ele agarrou as suas baquetas como se fossem martelos construindo dessa forma uma das fundações primordiais da música rock.

2. Ringo alterou o modo como os bateristas seguravam as baquetas, tornando popular o modo "matched". Quase todos os bateristas anteriores a Ringo seguravam as baquetas de uma forma "tradicional", segurando a baqueta esquerda como se de um "pauzinho chinês" se tratasse. Essa forma "tradicional" foi fomentada pelos bateristas militares que, com o tambor a tiracolo, necessitavam segurar as baquetas de uma forma que lhes fosse permitido tocar. A forma implementada por Ringo altera por completo essa forma primitiva, equiparando mãos esquerda e direita.

3. Ringo iniciou uma tendência de colocar os bateristas em estrados elevados de forma a torná-los tão visíveis como os restantes dos músicos. Quando Ringo apareceu no Ed Sullivan Show, em 1964, ele captou de imediato a atenção de milhares de futuros bateristas ao apresentar-se por cima dos outros três beatles. Ao invés disso, o baterista de Elvis só via as costas dos seus companheiros.


4. Esses futuros bateristas tiveram também oportunidade de reparar que Ringo tocava numa bateria Ludwig, fato que os levou a correr para as lojas em busca deste tipo de instrumento, e assim estabelecendo a Ludwig como um nome emblemático no panorama das baterias da época.


5. Ringo alterou o som da bateria nas gravações. Ao tempo do álbum Rubber Soul (lançado em 6 de Dezembro de 1965) o som da bateria começou a tornar-se mais distinto. Contando com a preciosa colaboração dos engenheiros de som dos estúdios EMI em Abbey Road, Ringo popularizou um novo som da bateria afinando-a num tom mais baixo, abafando o som e fazendo com que soasse mais perto, através da colocação de microfones em cada peça.

6. Ringo tem um ritmo quase perfeito. Esse fato permitiu aos Beatles gravar uma música 50 ou 60 vezes e depois editá-la por composição das melhores partes, por forma a alcançar a melhor versão possível. Hoje em dia é usado um metrônomo eletrônico para esse mesmo propósito, mas naquela época os Beatles tiveram que depender de Ringo para manter a consistência da batida através de dezenas de takes. Se ele não possuísse este dom as gravações dos Beatles soariam, por certo, de forma diametralmente diferente.

7. O feeling de Ringo pela batida serviu de norma tanto para produtores como para bateristas. É relaxado mas nunca desleixado. Sólido mas, ainda assim, sempre solto. E sim, existe uma grande dose de bom gosto musical nas suas decisões do quê e quando tocar. Na maior parte das sessões de gravação a atuação do baterista funciona como barômetro do resto dos músicos. A direção artística, dinâmica e emoções são filtradas através do baterista. Se o baterista não se sente bem a atuação dos restantes músicos está condicionada a ele. Os Beatles nunca, ou raramente, tiveram esse problema com Ringo.

8. Ringo detestava solos de bateria, o que deverá fazer com que ganhe pontos junto de algumas pessoas. Apenas fez um solo com os Beatles. Esse solo aconteceu durante o tema "The End" no lado B de "Abbey Road". Alguns podem dizer que esse solo não é grande mostra de virtuosismo técnico, no entanto estarão pelo menos parcialmente incorretos. Quem quiser pode colocar um metrônomo, configurado para marcar 126 batidas por minuto, lado a lado com o solo de Ringo e verão que os dois permanecerão exatamente juntos. Ele, particularmente, gosta do que fez na música Rain. Incrível.


9. A capacidade de Ringo para tocar em compassos invulgares empurrou a escrita de temas musicais para áreas nunca antes alcançadas. Dois exemplos disso são "All You Need Is Love" em 7/4 e "Here Comes The Sun" com passagens repetidas em 11/8, 4/4 e 7/8, no coro.

10. A habilidade de Ringo para tocar os mais variados estilos musicais como swing ("When I'm Sixty-Four"), baladas ("Something"), R&B ("Leave My Kitten All Alone" e "Taxman") e country (praticamente todo o álbum Rubber Soul) ajudou os Beatles a enveredar por diferentes direções musicais sem esforço de maior. A sua experiência anterior aos Beatles, como músico de night clubs serviu-o bem.

11. A ideia de que Ringo era um sortudo no grupo é completamente errada. De fato, quando o produtor George Martin se mostrou descontente com a atuação do baterista original Pete Best, Paul, John e George decidiram contratar aquele que eles consideravam o melhor baterista de Liverpool: Ringo Starr. A sua personalidade foi um bônus.

12. Os rumores de que Ringo não tocou em muitos dos temas do Beatles por não ser suficientemente bom é também radicalmente falsa. De fato, ele tocou em quase todos os temas dos Beatles que incluem bateria à exceção dos seguintes: "Back In The USSR" e "Dear Prudence" do White Album, em que Paul toca bateria pelo afastamento temporário de Ringo, que, um pouco magoado pelos atritos dos companheiros, foi pescar com Peter Sellers na Sardenha (onde teve a ideia e começou a compor Octopus' Garden). "The Ballad Of John And Yoko", com Paul mais uma vez na bateria, porque Ringo estava fazendo um filme. E também na versão de 1962 de "Love Me Do" que contou como baterista Andy White.

13. Quando os Beatles se separaram e tentavam cada um por si afirmar-se só, John Lennon escolheu Ringo para tocar bateria no seu primeiro disco. Tal como John disse um dia "If I get a thing going Ringo knows where to go,just like that". Um grande compositor não pode desejar mais de um baterista. Exceto talvez que sorria e abane a cabeça.



Artigo da revista Modern Drummer, com algumas inserções minhas

30 de jun. de 2016

WHILE MY GUITAR GENTLY WEEPS

O espetáculo The Beatles LOVE, apresentado pelo Cirque du Soleil acontece exclusivamente no Hotel & Cassino The Mirage, em Las Vegas, EUA. Curta!